
Uma das grandes dúvidas de pessoas que querem de antemão abraçar a doutrina budista é se isto implicaria na sua religião abraçante. Bom, se devemos partir da premissa de que o budismo não é uma religião, mas sim uma filosofia, uma doutrina para o seu melhoramento espiritual como ser humano, então nada mais seria até do que vantajoso para um seguidor de uma determinada crença religiosa conhecer o estudo e aprofundamento para que obtenhamos nosso caminho de paz e de toda harmonia.
As Religiões, muitas vezes, tem mensagens edificantes, mas de nada adiantará tais mensagens se apenas termos o conhecimento doutrinário e teórico, ao invés de exercermos a prática. É de perigoso caminho quando o homem faz suas interpretações a revelia, e muitas crenças ditas cristãs, entre elas o protestantismo e o catolicismo tem suas próprias interpretações para uma determinada mensagem, e consenqüêncía, muitas vezes, debates que vão além do calor das exaltações. Contudo, com a filosofia budista, tal não procede. Esta busca, antes de tudo, o caminho de sua paz interior, para que todos possamos atingir a meta da harmonia geral.

O Budismo ela ensina que a ignorância é a responsável por toda trajetória de sofrimentos e mais sofrimentos. Isto deve ser verdade mesmo, porque nossa falta de conhecimento proporciona, muitas vezes, brigas e conflitos em nome da fé, ou posso dizer, “fé”.
Quando brigamos para com os nossos, somos motivados pela nossa carga adrenalítica, porque acreditamos sermos os detentores da verdade absoluta. Exemplificando, se eu sou espírita, o que acredito e tenho como fé, ela será acaso a mesma verdade para o seu próximo? O mesmo equivale para o católico, o evangélico, e qualquer outro que mantenha sua convicção religiosa e queira nos transmitir seus pontos de vista quase que impondo para os demais. Daí, que as religiões, que deveriam sim, ser um ponto de encontro para o salutar entendimento e alvitre de bons colóquios entre os homens, passa a se tornar balbúrdico e conflitante, e daí que o sofrimento se inicia, causado por toda sorte de ignorâncias levantadas pelo próprio homem que se digna a levantar margens a sua própria interpretação.

O BUDISMO não tem intenção de converter, mas esclarecer a partir de suas quatro nobres verdades: a nobre verdade do sofrimento; a nobre verdade da causa do sofrimento; a nobre verdade da extinção da causa do sofrimento, e a nobre verdade da senda que leva a extinção da causa do sofrimento. Antes de tudo, admitirmos que o sofrimento existe e que a causa á a ignorância, no sentido da falta do conhecimento, e que apenas os nossos atos poderão determinar sua extinção, que serão os mecanismos da senda, através de todo um processo de práticas e de exercício. Nenhuma das religiões do mundo nos orienta para esta prática, pois todas elas parecem muitas vezes, se preocupar apenas, como disse, com edificantes mensagens.
Muitos dos ensinamentos de Jesus Cristo (Yeshua Ben-Yossef) derivam de doutrinas budistas. Sabemos que mensagens cristãs como “os humildes herdarão a terra”, e “o amor aos inimigos” não encontram sustentação no judaísmo. Jesus foi um inovador, e antes de tudo um revolucionário para o povo judeu. Quando partimos da concepção de “revolucionário” é alguém que porte armas e vai promover a rebelião. Entretanto, Jesus foi um revolucionário no sentido de revolucionar uma idéia nova, que para os judeus, era algo novo e um tanto incompreensível. “Amar o inimigo?”... ”como?” – Sabe-se que Buda até mesmo caminhou sobre as águas, mas há também uma teoria embora seja ainda remota, que Yeshua mesmo viveu entre os tibetanos e que desenvolveu mais sua capacidade espiritual. Por que não? Jesus também foi um homem. E que com o nome de Issa, ele sobreviveu à crucificação e passou seus últimos anos entre os budistas, onde morreu com mais de 70 anos. Contudo, isto é mera especulação, o que não é especulação é que seu doutrinamento tem bases coerentes com os ensinamentos de Buda.
Debalde, o que muitos dos religiosos cristãos esquecem é do poder da meditação, e é esta é a grande máquina para toda estruturação espiritual. O que seria meditar? É apenas uma concentração? Não. Meditação é muito mais além, é você de fato esquecer de tudo e de todos por alguns minutos e encontrar o seu Deus interior. Muitos acham que meditação é falar alto de olhos fechados, acreditando que com isso, suas orações serão ouvidas. A meu ver, Deus não é surdo. O Budismo ela é compatível com todas as religiões e vice-versa. Segundo o Lama Padma Samten, as demais religiões podem ser vistas como se fossem o próprio budismo. Não que você possa dizer: “agora praticarei a outra religião também”, porque o budismo não é uma religião, mas sim, uma filosofia.

Partiremos da idéia de cursarmos uma Universidade. Quando fiz dois anos de Direito, estudei ciências políticas e filosofia, e ambos são cursos também a nível superior, como o próprio Direito, no entanto são matérias que em meus dois curtos anos foram apresentadas para que se fosse preciso um melhor direcionamento para o curso advocatício. O mesmo partiremos do budismo em relação às demais religiões, sobretudo as religiões cristãs. Se o cristianismo prega o amor e a fraternidade, porque primeiro não exercitarmos nossa paz e fraternidades interiores, que as religiões não ensinam? O que adianta você amar o próximo se não amar a si mesmo primeiro? De que adianta você transmitir a mensagem da paz se você não consegue primeiro encontrar sua paz interior? E se você não consegue ser verdadeiro em suas convicções e tem faculdade disso, comece primeiro a ser honesto e sincero, antes de tudo com você, para que possais ser verdadeiro para com os outros. Somente a paz interior pode concertar e remediar não as hipocrisias, pois nenhuma religião é hipócrita, mas sim os próprios hipócritas, que não sabem que com isso, estão incorrendo ao sofrimento. Ser falso com a mera desculpa esfarrapada de que “não é perfeito e que Deus perdoa” e ainda, colocar subterfúgios em sua própria convicção para justificar seus atos é prova de suprema veemência do sofrimento e de toda a ignorância. Daí que o budismo se faz necessário para ajudar na compreensão, e não como muitos gostam de determinar, em conversão.

O NATAL SE APROXIMA, época em que os cristãos estão a refletir o nascimento do Mestre Jesus, que revolucionou toda a História e o dividiu em dois períodos: antes e depois dele - onde ele em deveras deu o sublime exemplo dando sua vida como exemplo de amor pela Humanidade. Ele fez sua parte agora, façamos a nossa, com toda coerência, sinceridade e paz. Não partamos apenas na reflexão de sua paixão, pois creio que o mal de muitos cristãos é apenas se concentrarem no seu itinerário ao Golghota, mas reflitamos suas mensagens, pô-las em prática, e se a dificuldade existe, não desistamos, tentemos encontrar a fonte dessa dificuldade, pois toda ela é sofrimento. Concentre-se, medite, respire bem, esqueça de tudo e de todos por um momento, para que, doravante, estas dificuldades sejam extirpadas e possamos adquirir nossa paz interna, antes que tentemos transmitir para com o nosso semelhante.
por Paulo Néry
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